quinta-feira, 31 de maio de 2012
quarta-feira, 30 de maio de 2012
terça-feira, 29 de maio de 2012
Palavras Ocas...
Vieste pela calada da noite...
Sussurrar-me ao ouvido...
Um não sei quê de palavras ocas...
Mas eu continuei o meu sono tranquilo...
Como se não te ouvisse...
E tu lá longe...insistias...
Em emitir sons surdos...
Chiuuu... que me acordas...
Mexe os lábios sem barulho...
Que a noite quer dormir...
Sussurrar-me ao ouvido...
Um não sei quê de palavras ocas...
Mas eu continuei o meu sono tranquilo...
Como se não te ouvisse...
E tu lá longe...insistias...
Em emitir sons surdos...
Chiuuu... que me acordas...
Mexe os lábios sem barulho...
Que a noite quer dormir...
Insónia
Este longo despertar...
Que não me deixa descansar...
E eu dormindo, sentindo...
Esta dor de escrever...
Para quê?...
Se eu não sei ler...
Nem fazer...
O que o silêncio me pede...
E tudo o que antecede,
Este meu enlouquecer...
Tenho que perceber...
Que eu tenho que adormecer...
Que não me deixa descansar...
E eu dormindo, sentindo...
Esta dor de escrever...
Para quê?...
Se eu não sei ler...
Nem fazer...
O que o silêncio me pede...
E tudo o que antecede,
Este meu enlouquecer...
Tenho que perceber...
Que eu tenho que adormecer...
Encruzilhada
Montei o meu cavalo de pau...
Cruzei palavras...
Cruzei mundos...
Cruzei vidas...
No meio do cruzamento...
Não sei que direção tomar...
Depois de tanto cruzar...
Voltei para o meu lugar...
Espelho
Vejo-me ao espelho...
O que vejo eu?
Uma menina linda...
Como um céu...
Vejo-me ao espelho...
O que vejo eu?
Uma menina linda...
Com um véu...
Vejo-me ao espelho...
O que vejo eu?
Uma menina linda...
Que se atreveu...
Vejo-me ao espelho...
O que vejo eu?
Uma menina linda...
Que se rendeu...
Vejo-me ao espelho...
O que vejo eu?
Uma menina linda...
Que adormeceu...
Vejo-me ao espelho...
O que vejo eu?
Uma menina linda...
Que renasceu...
O que vejo eu?
Uma menina linda...
Como um céu...
Vejo-me ao espelho...
O que vejo eu?
Uma menina linda...
Com um véu...
Vejo-me ao espelho...
O que vejo eu?
Uma menina linda...
Que se atreveu...
Vejo-me ao espelho...
O que vejo eu?
Uma menina linda...
Que se rendeu...
Vejo-me ao espelho...
O que vejo eu?
Uma menina linda...
Que adormeceu...
Vejo-me ao espelho...
O que vejo eu?
Uma menina linda...
Que renasceu...
Amo-te
- Amo-te...
Dizes-me tu...
Se não me amasses...
O que faria eu?...
Se não te amasse...
Onde estaria eu?...
Do outro lado da vida...
Onde tudo é diferente...
Onde a espera se prolonga...
Onde tudo se adia...
Onde o trilho desaparece...
Mas do lado de cá da vida...
O ontem é hoje...
A noite traz o dia...
O sol no horizonte...
A ave que pia...
E eu talvez um dia...
Oiça ao longe...
- Amo-te...
Dizes-me tu...
Se não me amasses...
O que faria eu?...
Se não te amasse...
Onde estaria eu?...
Do outro lado da vida...
Onde tudo é diferente...
Onde a espera se prolonga...
Onde tudo se adia...
Onde o trilho desaparece...
Mas do lado de cá da vida...
O ontem é hoje...
A noite traz o dia...
O sol no horizonte...
A ave que pia...
E eu talvez um dia...
Oiça ao longe...
- Amo-te...
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Desespero
Que me desespera...
De tanto esperar...
Este desespero...
Que me espera...
Dou por mim cansada...
De tanta espera...
Mas não me posso abater...
Por esta espera...
Que me leva ao desespero...
Por fim vencido o desespero...
E alcançada a espera...
Adormeço enquanto espero...
Um Dia Partirei…
Como se fosse um pássaro sem asas…
Que voa de noite e de dia…
Para nunca chegar…
E nunca parar…
Para olhar o seu destino sem fim…
Uma viagem que me levará,
a planar no mar sereno,
a voar alto…
sobre as altas árvores da floresta…
que se curvam lentamente à minha passagem…
A voar sobre o casario…
que se ergue a pique para me olhar…
E eu, lá do alto agradecendo a todos…
Com um ligeiro sorriso…
Por terem reparado no pássaro sem asas…
Adeus
Foste embora de mansinho…
Sem nunca te despedires…
Nessa altura eu era menina alegre…
Não reparei no teu “Adeus”…
Porque “Adeus” era uma palavra pesada…
Forte…
A vida dessa altura…
Não me deixou pensar nessa partida…
Agora, cá de longe…
Olhando para o vazio desse Adeus…
Dei por falta dessa despedida…
Desse Adeus que eu não queria ouvir…
Sei que o remorso te acompanha…
E nunca quiseste dizer-me…
O Adeus que eu não queria ouvir…
Talvez um dia nos encontremos…
Por aí, na janela do tempo…
Para aí sim, dizermos o Adeus,
Que faltou na última despedida…
TU
Porque te leio...
e te trespaço com o olhar...
nesse fundo do teu ser...
quando me perguntas...
- Onde vais?...
Não... eu não vou...
venho...
venho desse tempo longo...
que me acompanha a caminhada...
lenta...
a passo por vezes...
mas com rasgos de alegria...
Não acreditas...
porque me vês sentada no pensamento...
e alheia nessa nuvem clara...
porque claros... são os sonhos que me perseguem...
sexta-feira, 18 de maio de 2012
quarta-feira, 16 de maio de 2012
Palavras
Berras...
Gritas...
Falas...
Protestas...
Sussurras...
Não Berres...
Não Grites...
Não Protestes...
Simplesmente fala...
Ou Sussura... se puderes...
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Portugal
Avivo no teu rosto o rosto que me deste,
E torno mais real o rosto que te dou.
Mostro aos olhos que não te desfigura
Quem te desfigurou.
Criatura da tua criatura,
Serás sempre o que sou.
E eu sou a liberdade dum perfil
Desenhado no mar.
Ondulo e permaneço.
Cavo, remo, imagino,
E descubro na bruma o meu destino
Que de antemão conheço:
Teimoso aventureiro da ilusão,
Surdo às razões do tempo e da fortuna,
Achar sem nunca achar o que procuro,
Exilado
Na gávea do futuro,
Mais alta ainda do que no passado.
Miguel Torga, in 'Diário X'
quarta-feira, 9 de maio de 2012
SOL
Sol,
Porque te escondes?...
Atrás das montanhas...
Atrás do mar...
Atrás da nuvem...
Atrás de tudo...
Sol, perde a vergonha...
E aparece...
Vem de mansinho...
Sem muito calor...
Aquecer-nos a alma...
Com todo o fulgor...
Não percas a calma...
Vai aquecendo ...
Com todo o vigor...
Não nos leves a palma...
E fiquemos com um grande ardor...
Vem sol,
Vem aquecer-nos com o teu amor!...
terça-feira, 8 de maio de 2012
segunda-feira, 7 de maio de 2012
domingo, 6 de maio de 2012
O meu Bairro...
Hoje acordei... a pensar no meu bairro...
Casas pobres... de bairro pobre...
Mas de ruas largas de felicidade... e alegria sem fim...
Meninos de rua a brincar...
À malha, ao prego, à apanhada... ao pião...
Levantam-se vozes... cantigas em roda...
Giram... que giram as vozes em volta...
Todos vão passando... e acenando de alegria...
Levam estampado na cara... o porquê do Futuro...
E eu, manhã alta... sentada à espera...
Não sei bem de quê...
Talvez à espera de redescobrir a vida...
A vida que os meus amigos de rua...
Partilharam comigo e com o bairro...
Bairro que se esvazia aos poucos...
De brincadeiras... de meninos... de avós...
E nós, meninos de bairro...
Fomos espalhar a nossa alegria...
Por aí... pelo Futuro...
sábado, 5 de maio de 2012
Poema à Mãe
No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.
Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.
Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? -
Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;
Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;
Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...
Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade
sexta-feira, 4 de maio de 2012
terça-feira, 1 de maio de 2012
Liberdade
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.
— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.
Miguel Torga, in 'Diário XII'
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